Uma análise sobre karma-anubandhīni:
Em Gīta, Krishna cita a árvore da vida a descrevendo com raízes acima e ramos abaixo. Há ali a apresentação do eterno ciclo da vida na Terra, no processo de reencarnação. Suas raízes são interconectadas, assim como as nossas vidas às das pessoas que cruzamos aqui (neste entendimento). Ou seja, são interconexões kármicas.
Karma significa “ação”. Podemos ter ações de acordo com o Dharma (a lei divina) ou fora dele. Já é sabido que, neste conceito, o Karma gera resultados, positivos ou negativos.
Krishna orienta que só se derruba a árvore da vida com a arma do desapego.
Sempre que se vir dentro de um ciclo, saiba que é kármico e só se derruba este aprisionamento com o abandono.
Lembre-se de que você é protagonista da sua história e cada desafio e dor vem justamente como resultado (ressalto que dentro deste conceito, não imponho sistema de crenças a ninguém), todo desafio é nosso e ele chega com uma lição. Então a ideia é pensar “estou projetando em alguém a culpa de algo que eu mesmo causei?”.
A intenção é abdicar toda ação, Karma, de motivação que beba em “ostentação, calúnia, julgamentos, ira, presunção, rispidez, ignorância, pressa, cobiça”.
É muito raro, estar livre desta roda, pois, em alguma vez na vida, ou quase sempre, agimos com uma dessas motivações.
Por isso, além de evitar culpar o universo ou as pessoas por nossa própria dor (e não digo sobre pararmos de lutar por mais igualdade, isso, na verdade é uma ação do nível do Dharma, é essencial), mas no nível interpessoal, é preciso fazer mais svādhyāya, estudar a si mesmo.
Sem a consciência dos pontos acima listados, que são falhos em nós mesmos, o retorno é eterno. Sei que pode parecer quase impossível, me questiono quanta coisa já não fiz de errado por falta de consciência, como pude viver tanto tempo em trevas e o quanto falho diariamente, mesmo buscando o contrário.
O processo é diário, desistir dele e seguir um comportamento deliberado de ignorância, sem responsabilidade consigo e com o mundo, é mais um aprisionamento do que buscar a libertação pelo enfrentamento da nossa própria qualidade falha. Julgar alguém é sempre mais simples do que se enxergar, se reavaliar, mas não percamos nossa força em busca da libertação.
Obra estudada:
Feuerstein, Georg. O Bhagavad-gītā: uma nova tradução. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento, 2015.